É chegado o momento de entender que temos uns aos outros. Onde quer que esteja, saiba que você, que não quer entrar gentilmente nessa noite não tão serena, não está só. Nossa voz é a voz da humanidade, que não se extingue diante de deputados, pastores e alunos do Mackenzie dizendo que vão nos metralhar nas ruas. Nem dos que nos mandam esconder o celular no sutiã para filmar o voto em troca de emprego, ou dos que tentam comprar nossa consciência com uma marmita. Saiba que o seu país continua sendo o seu país, por mais que tenham desvirtuado suas cores e sua bandeira, e por mais que tentem fazer de você estrangeiro e estrangeira em sua própria terra. Saiba que o seu voto continua sendo o seu voto. Quando mentem que o outro teve mais votos do que realmente teve, estão na verdade dizendo que o seu voto não existe e que, portanto, você não existe. Saiba que você existe. Saiba que você não está polarizado, nem está dividindo a nação, nem tampouco está fixado em sua identidade política em detrimento das demais identidades, conforme propagam os meios de comunicação. Sua identidade não está cindida, você não está radicalizado ou radicalizada, você não é intolerante – você simplesmente enxerga a arma diante de sua cabeça porque ela está lá. São mais de um milhão e meio de armas apontadas para nós graças a 19 decretos, 17 portarias, duas resoluções, três instruções normativas – e você sabe, e sem arma alguma, você resiste. Saiba que é você que defende a família quando se insurge contra o clima que pintou entre um adulto e meninas indefesas. É você que defende a liberdade de expressão quando a distingue das ameaças de aniquilação. É você que mantém o que resta da integridade da nação quando ergue sua voz contra a corrupção desenfreada do orçamento secreto, drenando recursos públicos na velocidade de R$ 100 mil por hora, e contra a corrupção moral do racismo, da homofobia, da misoginia, do sexismo e da opressão que nos nega o direito de existir. Saiba que nós – os que não se encaixam, os que não se sujeitam, os que não se submetem, os que não aceitam – somos muitos e muitas. A cada tentativa de nos acossar, perseguir e intimidar, reafirmamos nossa sanidade num país doente, e rejeitamos suas armas e seus espelhos distorcidos. Rejeitamos seu culto à morte expresso pela pilha de cadáveres propositadamente acumulada durante a pandemia, pela fila do osso, pela terra devastada na qual 18 árvores são derrubadas por segundo, uma mulher é estuprada a cada 10 minutos, uma é morta a cada 7 horas e 130 crianças são vítimas de violência sexual a cada dia. Você que sofre, se desespera, se angustia, se revolta e se opõe, saiba que estamos lado a lado. Saiba que você não está só. (Todos os dados citados neste texto provêm de fontes verificáveis).
A Esperança vence o Medo? Digo que não! Como assim, já antes não venceu? Ah, venceu só na palavra de ordem, no mote, no marketing. O medo é vencido com decisão, com postura, com enfrentamento, com garra. Até por medo se vence o medo. Por medo se reage contra a ameaça. Ou vira paúra, o pavor incontrolável, a submissão e entrega. Por sua vez, a esperança vence expectativas ruins. As religiões são em boa parte fundadas na esperança do não castigo. Não nos medos presentes. Medos e esperanças não são contemporâneos, cada coisa em seu calendário. Medidas de impacto psicossocial serão necessárias e também emergenciais, como: 1 – Anulação de todos os sigilos centenários decretados. 2 – Fortalecimento institucional da CGR e da AGU. 3 – Retornar e fortalecer os fóruns e conselhos setoriais. 4 – Promover a capacitação e profissionalização na gestão pública, 5 - Fortalecer o municipalismo e criar um fórum permanente da União e Estados para discussão das macropolíticas a serem implementada
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