Produtividade, palavrinha mágica em argumentos definitivos, daqueles de deixar o oponente embasbacado, sem palavras e nem respostas. Se associado à competitividade então, emudece até galinhas d’angola.
Mas que diabo é isso, curiosos perguntarão?
Ora, não é tão complicado assim.
Toda produção consome recursos. Mais valor produzido com o mesmo recurso, maior a produtividade. Mesmo valor produzido utilizando mais recursos, menor a produtividade.
Uma relação comparativa de valores entre o produto e a produção em dois períodos diferentes. De um ano pra outro, por exemplo. Pode ser geral, da economia como um todo como também pode ser segmentado por produto e insumo. Mão-de-obra, matéria-prima, energia etc É uma relação entre diferenças de valores.
No numerador, os do valor da produção. No denominador, os do custo para produzir.
Parece complicado, mas não é.
Há duas formas para aumentar a produtividade. Ou se aumenta o numerador, ou se reduz o denominador.
Aumentar o numerador, ou seja, fazer a produção ser maior e mais valiosa depende da tecnologia e da capacitação técnica. Nem precisa ir muito longe pra entender.
A mesma quantidade de soja, se exportada in natura, vale menos do que industrializada. A mesma quantidade de petróleo, se exportado bruto vale menos do que refinado. A mesma quantidade de minério vendida em pelotas vale menos do que se transformada em aço.
Quando se exporta produto in natura ou semi-industrializado está também se exportando o potencial de lucro pela transformação.
Para isso o desenvolvimento científico é fundamental e mais valioso até do que os investimentos físicos necessários.
Um equipamento que produza uma quantidade maior por hora, ou que consuma menos energia, aumenta a produtividade. Um processo que economize etapas e custos, aumenta a produtividade
Também é necessário que haja profissionais capacitados e habilitados aos estágios de produção mais sofisticados. Equipamentos de última geração e que resultem em maior produtividade exigem operadores treinados, capacitados e com formação técnica adequada.
Ciência e Educação. País que não investe nesses dois fatores só tem um jeito para aumentar a produtividade e se manter competitivo: reduzir os custos para produzir.
Ou seja, arrochar o trabalhador. Pagar menos, exigir mais.
Uma visão suicida, socialmente insustentável. Só em ditaduras dura algum tempo. Lembram-se de Pinochet? E do Czar Alexandre?
Os da turma de Guedes mostram-se adeptos dessa tese, os outros neoliberais também. Guardam pra si as fatias maiores do bolo e o resto que se contente em lamber o glacê que ficou no prato.
Porque pra essa turma, reduzir custo é sinônimo de reduzir a renda do trabalho. Nunca os custos financeiros da produção ou mesmo de outros serviços, isso reduziria suas próprias rendas pessoais.
Manejam um estoque de desempregados como ferramenta de redução dos custos.
Claro, desempregado num miserê de roer beira de penico, aceita trabalhar por menos, com menos direitos. Se mandado são até capazes de cuspir na porta dos sindicatos, de abrir mão de direitos, não dar bola pro tamanho da jornada de trabalho, lamber as botas do patrão.
Vale tudo, precisa levar algum feijão pra casa, a emergência maior, a da fome..
O Brasil de Bolsonaro adotou a linha suicida. Cortou incentivos à ciência, trata as universidades com desprezo e agressões, incentiva a venda de riquezas nacionais in natura, brutas mesmo, além de sua internacionalização.
Despreza assim o aumento de valor da produção, o que, como visto, reduz a produtividade.
Pra compensar essa perda, retira os direitos do trabalhador, destrói a rede de proteção social a vulneráveis, até o genocídio promoveu quando sabotou as medidas preventivas na Covid. Muita gente morreu, mas nem tanto quanto o desejável (na visão neoliberal) para reduzir significativamente os custos sociais.
Mais medidas ainda pretendem.
Uma delas é a redução do salário mínimo e das aposentadorias não repondo o poder de compra corroído pela inflação. Ou aumentar a carga tributária do IRPF retirando deduções parciais de gastos com saúde e educação.
São criativos na repetição das mesmas fórmulas. Pretendem mais quatro anos, ainda há muito a destruir para que cheguemos no Brasil ideal imaginado por eles. Uma fonte de matérias-primas para o mundo. Um país exportador de commodities. Uma grande fazenda e mina a serviço de poucos.
Quantos ficarão pelo caminho não lhes importa. Pra eles sim, os fins justificam os meios.
Mas a decisão, essa é nossa. Dia 30 vamos dizer não. E virar esse jogo sujo e antinacional.
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