Alerto que não se trata de informação e nem de teorias de conspiração.Ao contrário, chamo o leitor para avaliar comigo se a ilação é factível ou mera fantasia.
Mas vamos lá. Estamos a um mês, pouco mais, de uma eleição em que, não ocorrendo fatos novos com impactos imprevistos e definitivos, tem seu resultado desde já conhecido.
Tanto é verdade que o terreno já foi minado e armadilhado para a retirada.
O governo dos marechais neoliberais não deu certo.
Ou por uma empáfia intrínseca, ou por inaptidão à gestão democrática, ou por excessiva voracidade pecuniária, ou pela amoralidade do mamulengo escolhido para usar a caneta, ou até mesmo por azar.
Azar? Sim. Trump não foi reeleito, o mundo refreou sua guinada para a extrema direita, a China assumiu protagonismo no comércio mundial, ocorreu uma pandemia que desacorçoou todo mundo. E por último, o belicismo estadunidense decidiu iniciar uma guerra na Europa, como antessala à que ocorrerá com a China.
Deram também muito azar, os marechais. Seu mandato não será renovado.
Saem do palanque público para reduzir-se ao Clube Militar, onde, depois de resolverem todos problemas do Brasil, são servidos chás e bolachinhas para guerreiros caquéticos e diabéticos.
Mas temos que considerar algumas realidades.
O ócio é a oficina do demônio. Eles se acostumaram, vencidas as batalhas campais simuladas de azuis contra vermelhos com direito a tiros de festim, a dispor de todo tempo do mundo para fantasiar lutas contra moinhos de vento e segredar, entre si, a descoberta de conspirações comunistas e terroristas prestes a eclodir.
Dentre essas conspirações, estão as eleições. O velho e encruado positivismo ressurge dos recantos mais profundos da memória. Nunca foram os valores democráticos objeto de sua defesa, ao contrário. Sempre defenderam golpistas com afinidade ideológica.
Eleições, para esses sonhadores, são sempre uma ameaça. Por mais que declarem o contrário.
Desde que assumiram o poder político de fato, em 2019, já no primeiro dia iniciaram o combate às instituições, para eles, um atrapalho e estorvo institucional. Um elemento de atraso, onde já se viu?
Com tanta sede foram ao pote que, em quatro meses, o então presidente do Judiciário tomou uma medida excepcional, abriu inquérito de ofício, com amparo no Regimento Interno do STF, e começou a colocar freio na sanha golpista para tomada do poder total.
A partir daí, tiveram que baixar a bola enquanto torciam para que Trump, outro arruaceiro, se reelegesse. Contavam com seu apoio para os planos.
Deu zebra, quem assumiu havia sido hostilizado, não gostou. Mandou recados duros contra as intenções golpistas.
O ócio sempre gera um alfabeto de planos mirabolantes. De A a Z.
Se o A naufragou, o B seria melar a eleição, dada a incapacidade de vencê-la. A campanha contra as urnas foi forte e ainda é uma aposta. Não abandonaram de todo, mas estão sendo atropelados pelo tempo e pelas diversas instituições com muito maior capacidade tecnológica do que a turma do marechal Helder.
Como o um manda e outro obedece é regra intermuros, no lado de fora a conversa é outra. Sem argumentos técnicos, resta somente a procrastinação, uma ameaça velada como uma espada de Dâmocles imaginária e que não assusta mais ninguém.
O rato rugiu pro gato, vejam só.
No meio dessas confusões todas, o marechalato tupiniquim arrastou para a lama a imagem da corporação, que perdeu confiança e confiabilidade na sociedade. Conseguiram até de forma inédita desbotar as cores nacionais, tirar-lhes a graça e ânimo ao transformá-las e cores partidárias.
Mas sempre há um plano C. Pela erudição de alguns, C de Çaída.
O insubordinado capitão terrorista e clandestino líder sindical, em quem forjaram o Mito, derrete de corpo e espírito. Não podem alegar que lhe desconheciam, ao contrário. São contemporâneos de AMAN, ou seus eleitores há décadas.
Quem imagina que não, sugiro a leitura em https://blogdopensamentocritico.blogspot.com/2022/08/quem-nao-conhece-o-passado-nao-corrige.html
Pois bem, o pensamento que deve ocupar parte da mente Dick Vigarista dos marechais é a busca do como abandonar o navio que naufraga, de como se descolar do desastre que promoveram, fazer cara de paisagem à tragédia.
Como tirar o corpo fora, em bom português.
Precisam de um pretexto que crie o ânimo do Oh!, que horror, como fomos iludidos. Jogar o mito criado às feras. Descartar o anel para preservar os dedos.
De um plano C
Lembrando.
A um mês das eleições de 2018 a imprensa veiculou e deu enorme destaque a uma delação premiada do Palocci, mais falsa que nota de três Reais e recusada até pela PF por sua inconsistência. Mas é claro, o batman das vielas e futuro Ministro da Justiça era ainda o juiz da causa.
É evidente que os marechais, absolutamente empenhados na politização das Forças Armadas como elemento eleitoral, nem precisavam deixar suas digitais para se entender que havia dedo deles nisso.
Essa veiculação foi decisiva, junto com a tal facada também a cerca de um mês da eleição, para a vitória do mito forjado pelos marechais.
Deu certo uma vez, de repente... e se a dose fosse repetida?
Sabidamente Bolsonaro navegava tranquilo nas águas turvas da patifaria e picaretagem em seus quase trinta nos como Deputado Federal, não perdoando nem quota parlamentar de combustível e salários no gabinete, como há denúncias. Construiu uma fortuna familiar considerável para quem nasceu pobre e sempre dependeu dos cofres públicos para seus salários.
Ninguém desconhecia isso. Salvava-lhe o fato de ser inexpressivo comensal secundário do Centrão.
Como Presidente, abandonou o veleiro e partiu pro jet ski.
Por muita coincidência, a um mês da eleição, vem à tona um dossiê escandaloso, um belíssimo trabalho de jornalismo investigativo do UOL, que expõe as vísceras corruptas do clã Bolsonaro. Nem o pudor de não envolver a matriarca tiveram, coitada, uma pessoa humilde e que certamente transmitiu valores decentes a seus filhos. Eles é que podem não ter absorvido.
Segundo a reportagem, dos 107 imóveis adquiridos nos últimos anos, 56 deles foram total ou parcialmente pagos com moeda corrente, grana viva, bufunfa mal havida provavelmente, por isso sem registros bancários.
Alguém imagina que não haja dedo dos marechais nessa coincidência?
Eu até admito que possa não haver. Mas como coincidências raramente se repetem, aguardo pra ver se os marechais abandonarão o barco.
Se abandonarem, está na cara que sim.
Caso contrário, talvez temam que seus próprios ocultos findem por emergir com o resto do naufrágio.
A ver.
Comentários
Postar um comentário