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Biotecnologia - A Nova Fronteira

Desta vez, é a biotecnologia. Joe Biden percebeu que os chineses ganharam terreno, estão na frente. Esse setor em que os Estados Unidos dominaram por muito tempo é outro campo da disputa entre as grandes potências.

Dias atrás, foram os chips, os microprocessadores, os cérebros de todos os dispositivos que fazem a sociedade moderna funcionar, de celular, computador, automóveis elétricos, grandes aparelhos e pequenos também. O Bell Labs criou os chips, no século passado. O programa espacial americano forçou seu desenvolvimento mais rápido. Precisavam ser minúsculos, mas exercer muitas funções, controlar os satélites que abriam os olhos da humanidade para um espaço muito maior, fascinante. O prestígio da nação dependia desses dispositivos. Tinham que funcionar perfeitamente.
Se os Estados Unidos lideravam essa tecnologia, nem sempre os cientistas e técnicos eram americanos. Vinham de todo o mundo mas ajudavam a aumentar o prestígio estadunidense.
Aos poucos outros países, principalmente da Ásia -- Coréia do Sul, Taiwan, China -- passaram a fazer os chips. Hoje eles é que fazem quase tudo. Os americanos importam. Mas foram percebendo que o controle tinha também passado para outras mãos. Descobriram que a iniciativa privada estava em outra. Tinha mais interesse nas finanças e não mais na produção. .
Isso virou problema grave, que o governo Biden quer resolver, trazendo de volta a produção dos chips e microprocessadores para o território americano. Se a iniciativa privada não tem interesse, o governo tem que tomar a iniciativa.
O outro setor importante, indispensável para o mundo moderno, é a biotecnologia e biomanufatura. Que abrange medicina, saúde, humana, animal em geral, e também plantas. Os Institutos Nacionais de Saúde já subsidiam pesadamente a pesquisa, o desenvolvimento de medicamentos, tratamentos, equipamento, treinamento. Mas isso não é suficiente. "O objetivo é criar empregos, reduzir preços, fortalecer as redes de suprimento, para que não precisemos depender de ninguém no mundo", diz Biden. Ele resolveu despejar dezenas de bilhões de dólares nisso.
A China agora domina a produção de ingredientes para medicamentos genéricos. Os EUA querem se concentrar no equipamento mais importante para a revolução em andamento da biologia, as fontes de dados e de processamento no campo chamado de genomics, na infraestrutura usada na síntese e fermentação de DNA.
Por isso, Joe Biden está anunciando nesta semana, um programa amplo, do governo, para estimular a biotecnologia. Uma enxurrada de dólares vai ser canalizada nos próximos anos nesse setor. As universidades e instituto de pesquisa vão ser privilegiadas. A ênfase é fazer tudo americano, se possível, nada estrangeiro. O país está ficando nacionalista.
É o contrário da atitude anterior. Mas a competição está acirrada, os chineses e outros asiáticos estão na frente. Para alcançá-los, vai por tudo o que tem.
É um exemplo. O espírito de vira-lata, trazido pelos neoliberais brasileiros nos últimos anos, que dava aos de fora privilégios negados aos de dentro, parece agora ridículo, superado, descabido. As grandes empreiteiras que o Brasil tinha foram vistas como criminosas, desmontadas, seus líderes presos, os trabalhadores demitidos. Estão agora faltando. O mesmo acontece em outros setores. A nossa Petrobras está sendo esquartejada.
O presidente chegou a bater continência para a bandeira americana. Numa ocasião chegou a ficar esperando na porta a saída do Trump para dizer I love you. O ministro da economia tirou dinheiro do Brasil para investir fora. Acham isso bom.
Não é o que o modelo dessa gente está fazendo. Os americanos estão em outra. O símbolo de muitos deles, agora, é o MAGA, Make America Great Again -- vamos tornar os Estados Unidos grande, novamente.
Houve um tempo aqui que se percebia a importância de as grandes decisões nacionais serem tomadas aqui, em nosso país, por brasileiros. Acharam que era bobagem, não faria diferença. O Joe Biden mostra que não é assim. Lá estão mudando. Pode ser um estímulo para refletir de novo sobre a direção que tomamos. Talvez, sim, talvez, seja hora de mudar aqui também.

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