“Tiveram notícia do naufrágio os índios cristãos da Aldeia
de Cabo Frio, pertencente à Capitania do Rio de Janeiro, e outra de Yrirityba,
situada nos limites do Espírito Santo... com o destino de socorrerem os
naufragantes e salvarem as fazendas que o mar tivesse arrojado à praia.
Chegaram em ocasião fatal aos Guaitacazes...... e suspeitando que os infiéis a
todos haviam dado morte... os atacaram e mataram a quantos ali estavam. Depois de lhes tirarem a vida, marcharam para o sertão,
acometeram todas as aldeias das sobreditas três nações e degolaram a quantos
nelas estavam, sem perdoarem a sexo, nem idade, para assim vingarem as mortes
presumíveis dos navegantes, aos quais não tinham feito os bárbaros mal algum.”
(Frei Gaspar da Madre de Deus, in Memórias para a História da Capitania de São
Vicente, Ed USP)
Quis transcrever o relato do fato ocorrido em 1627 nas palavras do historiador
setecentista, fonte primária da colonização litorânea no sudeste brasileiro, face ao ocorrido anteontem na Bahia, com a morte de um adolescente de 14 anos.
Por um simples motivo, o genocídio indígena está tão entranhado nas fibras de
nossa sociedade quanto a escravidão.
Na
afirmação lapidar de Nabuco, "A escravidão permanecerá por muito tempo
como a característica nacional do Brasil".
Penso que por analogia aos povos originários, o genocídio de indígenas – por
ação direta ou fomentada - permanecerá normalizado por muito tempo, talvez todo
o tempo enquanto esses povos não forem exterminados.
Ou por morte, ou por assimilação periférica.
https://www.bol.uol.com.br/noticias/2022/09/04/indigena-pataxo-morto-a-tiros-bahia.htm
https://www.greenpeace.org/brasil/blog/genocidio-sim-assassinato-de-indigenas-aumenta-61/utm_term=&utm_campaign=&utm_source=google&utm_medium=cpc&hsa_acc=3659611372&hsa_cam=16555859233&hsa_grp=&hsa_ad=&hsa_src=x&hsa_tgt=&hsa_kw=&hsa_mt=&hsa_net=adwords&hsa_ver=3&gclid=CjwKCAjwvNaYBhA3EiwACgndgtDROMN2-YCG_s7HOEG_lQS46PS_zm6Dikl1B10tr_nwk5iWBksF5BoClLEQAvD_BwE
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