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Confusões do Confuso (por FregaJr)

 

“Tivemos apurações, alguns problemas apareceram, passei para a frente esses problemas. Até o gráfico da evolução, que foi feito aqui levando-se em conta cada percentual de voto que era computado, criou uma figura geográfica uniforme, né? Bem típica de algoritmos. Muito parecida com aquela do turno de 2014 com Aécio Neves”. 


Essa declaração ocorreu num desses espetáculos escatológicos que a besta-fera costuma chamar de live. De tão espantoso precisei deixar passar um dia para melhor refletir e tentar entender o raciocínio refinado do estúpido, sempre verbalizado em soluços e em respiros asmáticos.
Chego até supor que ele tem razão quando diz que não imitou as pessoas morrendo sem ar na Covid. Apenas tentava verbalizar algum raciocínio. Interrupta cogitatio. Assim é seu discurso.

Mas enfim. Tão sofisticado raciocínio exigia mesmo um tempo para decifrar. Por partes.

Alguns problemas apareceram. Quais foram? Quem lhe informou? Sempre vago em suas afirmações difusas. Pretende sempre levantar duvidas sem defini-las. Deixar que o interlocutor as imagine a seu gosto e sentido.

...passei para a frente esses problemas. Ora viva. Até aí não há novidade alguma, é especialista em terceirizar, a pregar nas costas alheias as consequências de seus atos inconsequentes. Mas nesse caso a indeterminação continua. Pra frente? Descartou? Comunicou a alguém? Foram solucionados? O que significa essa afirmação além de nada?

Vamos em frente.

Até o gráfico da evolução, que foi feito aqui levando-se em conta cada percentual de voto que era computado, criou uma figura geográfica uniforme, né?

Retirando a oração intercalada para tentar decifrar o enigma. Até o gráfico da evolução criou uma figura geográfica uniforme.
Genial. O gráfico de uma série numérica criou uma figura geográfica. E a NASA que até agora não descobriu como?
Trouxas, nosso capitão dos obuses desenvolveu a tecnologia geográfica das séries numéricas. Nem imagino em quantas dimensões e camadas, meu QI não chega a tanto. Mas o dele sim. A mais profunda revolução da representação geográfica desde Mercator.

 Porém, a mais fantástica afirmação está exatamente na explicativa ... que foi feito aqui levando-se em conta cada percentual de voto que era computado...
Ora, cada percentual de voto que era computado. Sei, ele tem o raciocínio enovelado, mas percentuais de votos não eram computados. Os votos sim. Então ele talvez estivesse querendo falar a cada percentual de votos computados. Faz sentido léxico, mas continua sendo o nonsense lógico.
Por um acaso os votos são autônomos ou seguem obrigatoriamente uma distribuição, aí sim, uniforme? Sua proporção é pré-estabelecida, uma constante? Há um coeficiente que torne cada parcela de votos uma parte homogênea do todo?
Chegou a afirmar que se a apuração levasse mais algum tempo, seu opositor teria vencido no primeiro turno. Ora vejam, o portento afirma assim que o tal algorítmo a que se refere é função do tempo de apuração, não da quantidade finita de votos depositados. Votos dariam cria, ou mudariam em função do tempo. Inspira-se, talvez, em seus laranjas, analogia a frutas que amadurecem com o tempo.
Explico.
Vamos supor uma série com a distribuição da cor dos veículos em determinada região.
Partir do princípio que a participação relativa entre as cores é a mesma em todas as cidades dessa região seria uma rematada burrice. Da mesma forma seria desconsiderar a quantidade de veículos em cada cidade.Ou de atribuir ao tempo decorrido na apuração, um carro azul virar amarelo no registro do Detran.
Eu sei, aliás, não sei, como o capitão cursou a AMAN e nem sequer entendeu os conceitos de séries temporais e de aproximações sucessivas.
Ou será que quando bateu de testa no muro naquele salto de paraquedas mal controlado, as conexões cerebrais romperam-se de forma irrecuperável?
Não é possível tamanha estultice de nascença.

Mas não pára por aí. Continua o ignaro:

Bem típica de algoritmos. Muito parecida com aquela do turno de 2014 com Aécio Neves .

Algoritmo, um conjunto de regras que permitam a solução de questões correlatas em número finito de etapas. No caso ele, em seu raciocínio vesgo e atravessado, pretende levantar suspeita difusa e indeterminada sobre os resultados apurados, tal e qual ocorreu em 2014 e em que foi posteriormente demonstrada a lisura do procedimento.
Mas sim, há um algoritmo na apuração, o mesmo que lhe deu a vitória em 2018. Há um conjunto de procedimentos em rotinas que fazem a apuração.
Isso está no tal programa fonte, auditado, aprovado, dissecado e atestado em sua correção.
O algoritmo, oh! senhor das trevas, é o mesmo de sempre em sua essência. Não há desvio de votos para qualquer outro candidato. Houvesse, não teriam sido eleitos tantos acólitos seus para o Congresso.
E concluo, esse senhor se mostra assim, com esse tipo de declaração desavergonhada, um exemplar único na burrice conjugada com mau caráter.

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