Pular para o conteúdo principal

Entre Esperançosos e Desmiolados (por Roberto Garcia)

 

Quando uma desmiolada da direita renuncia ao cargo de primeira-ministra do Reino Unido seis semanas depois de assumir o cargo, deixando país apalermado, nasce a esperança de que, aqui deste lado, o louco de extrema direita chegue ao fim de seu mandato e também vá para casa, humilhado.
Este aqui está levando tempo, quatro longos anos foi demais. Mas está no fim, pelo menos isso. Mesmo que seja por um triz, apenas uma pequena diferença, que o Lula ganhe. E comece logo a reconstrução das instituições que foram esvaziadas, abaladas, algumas destruídas.
Faltará trabalhar com a outra metade dos eleitores, que caiu na balela do Jair. Para que percebam o erro que fizeram e comecem a trilhar caminho melhor. Não é impossível, esse pessoal não está perdido. Lembrem que, ao terminar o segundo mandato, Lula tinha mais de oitenta por cento de pessoas agradecidas pelo trabalho que ele fez. Estavam, portanto, convencidos de que ele melhorou o país.
Muitas dessas pessoas mudaram de lado. Se distanciaram. Mas podem novamente se aproximar, voltar a ser uma força positiva. Vai dar trabalho, a coalizão que está hoje com Lula terá que se manter unida, prestar serviço, mostrar resultados capazes de convencer os céticos e desanimados. Nestes últimos anos, muita gente se desencantou porque mesmo quando os governos progressistas se mantinham empenhados em fazer o melhor, não explicavam suficientemente. As pessoas não entendiam, caiam na conversa dos detratores.
Quando há vácuo de comunicação, não se explica, o espaço é ocupado pelos que querem destruir. Isso que fomos aprendendo, ao nos coordenar, ao formar redes, entrar em todas as mídias, postar, argumentar, esclarecer -- tudo isso terá que ser feito com intensidade.
O grande filósofo brasileiro, Chacrinha, dizia que quem não se comunica se estrumbica. Chegamos perto desse resultado, indesejável. Foi bom entender isso. Melhor não esquecer.
Perceba que um bando de cabeças vazias -- esse pessoal do gabinete do ódio -- formou uma grande rede, mobilizou seguidores em todos os cantos, em todos os níveis, martelando inverdades, baixando as discussões a um patamar baixo mas que falava ao povo. Teve a ajuda entusiasmada da grande imprensa, que jogou contra o povo. Convenceu. Tanto é que a metade dos eleitores, ou quase, parece inclinada a votar no Jair.
Ficamos temporariamente abobalhados. Não entendiamos o que estava acontecendo. Tudo parecia conspirar contra nós. O candidato com melhores possibilidades de vencer simplesmente foi preso, um juiz incompetente em Curitiba eletrizou multidões, virou personalidade internacional, virou o chefe de uma quadrilha empenhada em tomar o país com uma campanha sorrateira, de combate à corrupção. Corrupto era ele e sua curriola, junto com os que faziam coro, conspiravam.
Já entendemos os métodos que foram usados, as alianças que forjaram, como souberam se aproveitar do novo mundo das novas mídias sociais. Tínhamos tudo para vencer esse jogo. Somos melhores que eles. Mesmo assim, ficamos imobilizados, estonteados, perdemos terreno, quase perdemos tudo.
Isso não pode acontecer de novo. Não podemos deixar. Vamos usar a nossa compreensão mais ampla para avançar, com maior determinação. A tarefa é complexa, grande. Mas podemos ganhar.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A Diferença Está na Diferença (por Roberto Garcia)

Sempre tive um debate comigo mesmo. Tudo em segredo. Escondido entre as certezas que eu exibia, para não complicar demais e continuar a funcionar numa sociedade complexa que me era adversa. Partia daquela asserção ideológica segundo a qual tudo era igual. Os dois partidos na política externa americana eram não só iguais mas, à sua maneira, um era pior do que outro. Um - os democratas - inicia as guerras, faz maldades contra a humanidade, bombardeia e mata gente como se fosse rato. O outro - os republicanos - continua matando, faz as mesmas maldades mas, num determinado momento, acaba com a guerra. Outra começa logo ali adiante. E a vida continua. Você fala com eles, os dois, indistintamente, conhece a mulher, o marido, seus filhos brincam com os deles, encontra na fila do cinema ou no mercado e diz "oi, tudo bem, "como está". Ele está do outro lado da rua, é seu vizinho, acaba cruzando toda hora. Se você leva seu filho no sábado ou domingo pra jogar futebol é com ele...

O Sábio e o Ambientalismo Popular (por Geraldo Varjabedian - ativista independente)

  Deixemos de lado a discussão sobre emissões de carbono, prognósticos em graus Farenheit, números da devastação amazônica, centímetros ou dezenas de centímetros supostos para transbordamentos oceânicos; ondas de calor, de frio, inundações, ciclones, demais extremos climáticos e outros pontos altos que serão anunciados em tom grave, no próximo ato da ópera climática - a COP 27. Dada a gravidade do que vem por aí – segundo recentes termos do próprio IPCC -, o mundo já deveria estar bem além da renovação burocrática dos votos de transformação urgente do capEtalismo em coisa distinta do que é. Mas é previsível que, além de postergar recomendações mais convincentes para conferências futuras, a 27ª cúpula global do clima, em novembro, no Egito, reitere que o Brasil é, hoje, um país de alheios à pauta e refém de interesses bem avessos, dentro e fora de suas fronteiras. O ecocida, ditador eleito que representará nosso país na conferência é altamente competente em mentiras e tem ampla...

Debates sem Bater (por Frega Jr)

Tivemos ontem o segundo debate televisionado nesta campanha presidencial. Se o primeiro já foi ruim, o de ontem foi um desastre tragicômico. Não, não é culpa do Carlos Nascimento, mediador, um jornalista experiente e com credibilidade. Nem culpa dos demais jornalistas dos demais órgãos da imprensa, que participou em pool. Virou tudo uma palhaçada sem graça, uma tragédia sem dramas, um churrasco sem sal ou uma cerveja morna. Uma chatice só e nada contributivo ao esclarecimento para o voto. A culpa não é dos organizadores e nem do veículo. A culpa é do modelo. Pela quantidade de participantes, ganha a amplitude, perde a profundidade. Em ciclo de perguntas cruzadas, que só servem para levantar a bola numa tréplica ou acusar algum adversário, parece mais uma programação bufa. Os Trapalhões fariam melhor, até o repetido ad nauseam Chavez prenderia mais atenção. Claro, os participantes também não ajudam, repisam as mesmas falas, o mesmo roteiro, as mesmas promessas, as mesmas mentiras. Ne...