Pois desde que o mundo passou também a quantificar e correlacionar variáveis, nos fundamentos da álgebra, fixou-se o princípio de que quando se deixa de perder, se soma.
O famoso menos com menos dá mais. Não é dogmático porque é lógico. Não é axiomático porque é comprovável.
Também é lógico se entender que toda escolha significa uma perda. Renuncia-se ao que não foi escolhido. Uma bifurcação da estrada, pegou um ramo, abandonou o outro. Se ambos eram desconhecidos, nunca se saberá que surpresas o desprezado tinha a apresentar, se boas ou ruins.
Assim são as escolhas.
No próximo domingo, em sete dias portanto, teremos uma escolha a fazer. Optar por uma das duas opções disponíveis, aliás, três. O não optar também é uma opção daqueles que preferem que os outros escolham o caminho que iremos percorrer. Pra mim, a pior escolha, um autorreconhecimento da incapacidade de decidir e do abandono da esperança. Suprema resignação e negação da vontade. Mas é uma alternativa. Os que decidirem escolher um dos candidatos estarão também escolhendo o que perderão.
O que têm os candidatos a oferecer, menos até do que suas palavras e mais de seus antecedentes. Não são desconhecidos.
Um tem oito anos no currículo, outro quatro. Ambos, portanto, podem ser comparados.
Com um o pais cresceu, a miséria reduziu, a renda aumentou, os empresários ganharam mais, tinham financiamento disponível. O Brasil passou na 13ª. Economia para a 6ª. O Brasil pagou sua dívida externa centenária, multiplicou por vinte o dinheiro em caixa. O governo de coalisão manteve as instituições sem sobressaltos, o meio ambiente começou a ser cuidado, o Brasil assumiu protagonismos internacionais até então desconhecidos, até o B iniciou a sigla do Brics (hoje talvez fosse Crisb).
Foi acusado de corrupção, o que nunca foi provado seu envolvimento, foi morar no mesmo apartamento que possuía antes de assumir a presidência numa cidade da grande São Paulo, não deu mostras de enriquecimento e, embora a devassa internacional, em momento algum encontraram algum bem ou valor com origem duvidosa. Implantou o Portal da Transparência e fortaleceu todos os órgãos de fiscalização. Deixou a presidência com um índice de aprovação de mais de 80%.
O balanço parece bem positivo.
O outro em quatro anos adotou uma política neoliberal de redução do Estado. Internacionalizou grande parte das nossas riquezas extrativas naturais, incentivou a degradação ambiental, abriu guerra institucional contra os outros poderes no dia seguinte ao da posse, em menos de cinco meses de mandato já estava promovendo manifestações golpistas e pregando o fechamento do STF e do Congresso.
Aparelhou toda a máquina governamental com militares, autorizou aumentos em seus rendimentos até o limite de duas vezes o teto constitucional para recebimentos de órgãos públicos – antes limitados aos subsídios dos ministros do STF – sabotou no limite do impossível as medidas profiláticas na pandemia, nunca se reuniu uma vez sequer com os governadores dos estados, promoveu uma reforma da previdência com expressivo prejuízo aos segurados do regime geral e enormes benefícios às pensões militares de alto coturno, retardou a aquisição de vacinas, o que resultou em lotes iniciais menores, promoveu a discórdia em todos os níveis dos demais poderes. Também com os países vizinhos.
Delegou a gestão orçamentária ao grupo de deputados de sua base de apoio, o chamado Orçamento Secreto que, em um ano somente, é três vezes maior do que o prejuízo apontado na roubalheira reconhecida na Petrobrás e a agenda política ao grupo de marechais que construiu o mito e lhe cerca. E que desenvolve movimentos claramente antidemocráticos.
Aparelhou e desfigurou os órgãos de controle, promoveu troca de superintendentes da PF para blindagem criminal de seu grupo familiar, acabou de fato com o Portal da Transparência a partir da decretação de sigilo por cem anos de ações suspeitas.
Trocou quatro vezes o ministro da Educação, inclusive por evidências irrespondíveis apontadas pela imprensa de roubalheira.
Aliou-se à parte mais fundamentalista, por vezes estelionatária, de algumas correntes religiosas e apregoa agir em seu nome. Como ontem mesmo declarou que havia colocado um ministro no STF para defendê-los. O que, aliás, o dito tem feito com maestria.
O Brasil despencou no ranking das economias mundiais, perdeu assentos em foros internacionais e virou pária internacional, como se gabou o então Chanceler. Endividou-se novamente.
O balanço parece bem negativo.
Escolha traz em si também uma renúncia. Conforme os formuladores da álgebra há milênios, perda do negativo é ganho.
É nada difícil, portanto, fazer a escolha certa para os próximos quatro anos.
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