A diferença entre Lula e Jair aumentou. O primeiro está mais à frente do que na semana anterior. Quem registrou isso foi o IPEC, com base em perguntas feitas antes do Caso Jefferson, que está desgastando Bolsonaro ainda mais. Na quinta-feira tem nova pesquisa da Datafolha. Que incluirá os efeitos desse último incidente.
Nos últimos dias, o presidente não só deu tiro no pé. Deu tiro de metralhadora, uma bala atrás da outra, causando estragos sucessivos. Isso anima o pessoal do Lula, desespera o pessoal de Jair.
Nestes dias finais da campanha, Lula vai se concentrar nos temas econômicos, os que mais importam à maior parte dos eleitores. Ele vai lembrar que nos quatro anos de governo o salário mínimo estacionou, enquanto o custo de vida aumentou. Isso pesa muito no maior contingente de eleitores, os que ganham até cinco salários mínimos.
Ele está certo. Comida no prato é a o item mais importante de qualquer discussão, nestas alturas. Muitos milhões de pessoas tem o que os especialistas chamam de insegurança alimentar. É o que nós chamamos de fome.
É que, se você está com fome, não tem outra coisa mais importante. A barriga dói. Não se consegue pensar. Se isso dura, todas as outras funções dos sentidos funcionam mal, ou não funcionam. Os que nunca sentiram isso, não entendem a sensação.
Isso não é bom.
Os estrategistas de Jair, chefiados pelo Carluxo Bolsonaro, precisavam evitar isso, qualquer discussão desse tema é prejudicial para o presidente. Faziam um esforço para encontrar outra coisa em que se pudessem concentrar, para desviar o assunto. Tudo, menos economia.
Tentaram voltar à religião, inventaram mais mentiras, de banheiro unissex a fechamento das igrejas, perseguição aos cristãos, falaram em aborto, em Cuba, na Venezuela. Nada disso funcionou.
Não conseguiram impor uma pauta. E despejaram dinheiro nos mais pobres, aumentaram a bolsa família, pagaram adiantado, antes das eleições, tanto a bolsa quanto a prestação continuada. Chegaram a permitir que as pessoas usassem o que vão receber com esses pagamentos para levantar empréstimos. Isso é compra de votos, descarada.
E também estão atiçando seus comandados a intimidar os seguidores de Lula. Só em São Paulo há duzentas e cinquenta mil células bolsonaristas, gente fanatizada que reproduz mensagens pela Internet, papagueiam mesmo sem entender, mas isso vira uma cachoeira de fake news. Em alguns lugares do país, chegam a hostilizar e bater em quem se manifesta a favor de Lula. Chegaram a matar.
Nada disso tem adiantado. Lula segue na frente, parece que nestes últimos dias deixou Jair ainda mais atrás. Como os dois lados estão mais ou menos consolidados, há que convencer agora os que se abstiveram no primeiro turno. Faze-los votar.
E aí há imponderáveis. Se chover no domingo, quem não tem carro pode não ir. Ou ficar com medo de ir às urnas se houver qualquer ameaça de confusão. Se não houver transporte coletivo fica difícil ir. Tem prefeito que não quer dar passe livre. E dono de empresa de ônibus que mantém a maior parte da frota nas garagens.
É por isso muito importante fazer o possível para evitar abstenção. Se for necessário dar a mão aos relutantes, oferecer carona. organizar grupos para ir votar juntos. Não descansar. Resistir às provocações, que certamente vão surgir, em alguns casos.
Se vencermos essa parada, a vantagem que as pesquisas anunciam vira realidade. O Brasil vai ficar melhor. Vale a pena.
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